Tesla Abandona Projeto Dojo: Fim do Supercomputador que Prometia Revolucionar a Condução Autónoma
Em uma reviravolta estratégica, a Tesla decidiu descontinuar o projeto Dojo, seu supercomputador personalizado para treino de IA, após anos de desenvolvimento e investimentos milionários.
O Sonho de Elon Musk: Tesla como Empresa de IA
Elon Musk sempre visionou a Tesla como muito mais do que uma simples fabricante de automóveis. Seu objetivo ambicioso era transformar a empresa em uma potência de inteligência artificial, com foco principal no desenvolvimento de veículos totalmente autónomos. O Dojo representava a peça central dessa estratégia – um supercomputador customizado projetado especificamente para treinar as redes neurais do sistema Full Self-Driving (FSD).
Embora o FSD ainda não seja completamente autónomo (exigindo sempre um condutor atento), a Tesla acreditava que com mais dados, poder computacional e treino, poderia finalmente cruzar a barreira da condução quase autónoma para a verdadeira autonomia total.
Seis Anos de Desenvolvimento e Promessas
A jornada do Dojo começou em abril de 2019, quando Musk revelou pela primeira vez o projeto durante o Tesla Autonomy Day. Na época, ele anunciou que todos os carros Tesla já produzidos teriam todo o hardware necessário para condução autónoma completa, necessitando apenas de atualizações de software.
Nos anos seguintes, Musk fez uma verdadeira “roadshow” do Dojo, prometendo capacidades revolucionárias:
- 2020: Musk descreveu o Dojo como “uma fera” capaz de processar “quantidades verdadeiramente vastas de dados de vídeo”
- 2021: Tesla apresentou oficialmente o Dojo no primeiro AI Day, revelando o chip D1
- 2022: A empresa demonstrou progresso concreto, instalando o primeiro gabinete Dojo
- 2023: Musk classificou o projeto como “uma aposta arriscada, mas que valia a pena”
Investimentos Colossais e Mudança de Rumo
A Tesla investiu pesadamente no Dojo, com planos de gastar mais de US$ 1 bilhão até 2024 e anunciando um investimento de US$ 500 milhões para construir um supercomputador Dojo em Buffalo. No entanto, os desafios com o fornecimento de hardware da Nvidia e a evolução tecnológica levaram a uma mudança estratégica.
Em agosto de 2024, Musk revelou o “Cortex”, um novo cluster de supercomputação em Giga Texas composto por aproximadamente 100.000 GPUs Nvidia H100/H200. Esta revelação marcou o início do fim para o Dojo.
O Fim do Dojo e o Nascimento do AI6
Em agosto de 2025, relatórios confirmaram que a Tesla havia desmantelado sua equipe Dojo e encerrado o projeto. Peter Bannon, líder do Dojo, deixou a empresa, e cerca de 20 funcionários do projeto fundaram sua própria startup, a DensityAI.
Musk explicou a decisão: “Não faz sentido para a Tesla dividir seus recursos e escalar dois designs de chip de IA bastante diferentes. Os chips Tesla AI5, AI6 e subsequentes serão excelentes para inferência e pelo menos muito bons para treino. Todo o esforço está focado nisso.”
A mudança estratégica foi consolidada com um acordo de US$ 16,5 bilhões com a Samsung para produzir os chips AI6 da próxima geração, representando a nova aposta da Tesla em uma arquitetura unificada para inferência e treino.
O Legado do Dojo e o Futuro da IA na Tesla
Embora o projeto Dojo tenha sido abandonado, seu legado tecnológico influenciará as futuras gerações de hardware de IA da Tesla. Musk afirmou que “o Dojo 3 vive na forma de um grande número de sistemas AI6 em uma única placa”.
O encerramento do Dojo marca o fim de um capítulo ambicioso na história da Tesla, mas também reflete a evolução rápida e imprevisível do campo da inteligência artificial, onde mesmo os projetos mais promissores podem ser superados por avanços tecnológicos mais eficientes.
A Tesla continua sua jornada em direção à condução autónoma completa, agora com uma estratégia unificada em torno da arquitetura AI6, demonstrando que na corrida pela IA, a adaptabilidade pode ser tão crucial quanto a visão original.