Supercomputador que Prometia Revolucionar a Condução Autônoma é Descontinuado Após Seis Anos
Em uma reviravolta significativa em sua estratégia de inteligência artificial, a Tesla decidiu encerrar o projeto Dojo, o supercomputador que durante anos foi apresentado como a pedra angular das ambições de IA da empresa. O anúncio foi feito em agosto de 2025, marcando o fim de um projeto que consumiu recursos consideráveis e gerou expectativas elevadas no mercado.
O Fim de uma Era Promissora
O Dojo representava a aposta da Tesla em desenvolver hardware próprio para treinar seus sistemas de condução autônoma. Concebido como um supercomputador personalizado, o projeto tinha como objetivo processar os vastos volumes de dados de vídeo coletados pelos veículos Tesla em todo o mundo, essenciais para o treinamento das redes neurais do “Full Self-Driving” (FSD).
Elon Musk, CEO da Tesla, havia declarado em julho de 2024 que a empresa “dobraria a aposta” no Dojo na preparação para o lançamento do robotaxi, previsto para outubro daquele ano. No entanto, poucas semanas após projetar que o Dojo 2 alcançaria escala até 2026, Musk reverteu completamente a estratégia, classificando a iniciativa como “um beco sem saída evolucionário”.
Mudança Estratégica e Parcerias
A decisão de descontinuar o Dojo coincide com um acordo de US$ 16,5 bilhões firmado entre Tesla e Samsung para o fornecimento dos chips AI6 de próxima geração. Esses chips representam a nova aposta da empresa em uma arquitetura escalável que pode alimentar desde o FSD até os robôs humanoides Optimus e treinamento de IA em data centers.
“Uma vez que ficou claro que todos os caminhos convergiam para o AI6, precisei desligar o Dojo e tomar algumas decisões difíceis de pessoal, já que o Dojo 2 era agora um beco sem saída evolucionário”, explicou Musk em sua rede social.
Impacto no Mercado e Na Percepção da Tesla
O projeto Dojo havia convencido muitos analistas e investidores de que a Tesla não era apenas uma fabricante de automóveis, mas sim uma empresa de IA. Sua descontinuação gera reações mistas: alguns veem como mais uma promessa não cumprida de Musk, enquanto outros interpretam como um pivot estratégico válido.
A mudança ocorre em um momento desafiador para a Tesla, com vendas de veículos elétricos em declínio e um lançamento modesto do serviço de robotaxi, iniciado em Austin em junho de 2025 usando Model Y SUVs.
O Legado do Dojo e o Futuro da IA na Tesla
Apesar do fim do projeto, o Dojo deixou um legado importante. A iniciativa demonstrou o compromisso da Tesla com o desenvolvimento verticalizado de tecnologia, mesmo que a empresa tenha optado por mudar de direção. O conhecimento adquirido com o Dojo provavelmente influenciará o desenvolvimento futuro dos sistemas de IA da empresa.
Enquanto isso, a Tesla continua expandindo sua capacidade de computação com o cluster Cortex em Gigafactory Texas, que já conta com 67 mil equivalentes H100 GPUs e tem sido fundamental para o desenvolvimento do FSD supervisionado.
O encerramento do Dojo marca um capítulo significativo na história da Tesla e serve como lembrete dos desafios tecnológicos e econômicos envolvidos no desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial de ponta para veículos autônomos.
