Deck Capta US$ 12 Milhões para Ser o "Plaid para o Resto da Internet" e Desbloquear Dados da Web
A startup canadense Deck, que ambiciosamente se propõe a construir a infraestrutura para acesso a dados permissionado pelo usuário em toda a internet, acaba de garantir um aporte significativo. A empresa anunciou com exclusividade ao TechCrunch que levantou US$ 12 milhões em uma rodada de financiamento Série A.
Este novo investimento, liderado pela Infinity Ventures, eleva o capital total arrecadado pela Deck para US$ 16,5 milhões desde sua fundação em janeiro de 2024. Vale lembrar que a startup, sediada em Montreal, já havia captado US$ 4,5 milhões em uma rodada seed há cerca de nove meses, co-liderada por Golden Ventures e Better Tomorrow Ventures.
O "Plaid para o Resto da Internet"
A analogia com a Plaid, famosa por facilitar o acesso a dados bancários, não é por acaso. No entanto, a Deck mira muito além do setor financeiro. "Assim como a Plaid deu aos desenvolvedores uma maneira fácil e segura de acessar dados de contas bancárias com a permissão do usuário, a Deck faz o mesmo para os 95% das plataformas que não oferecem APIs", explica o CEO Yves-Gabriel Leboeuf. Isso inclui portais de serviços públicos (utilities), backends de e-commerce, sistemas de folha de pagamento e serviços governamentais.
A premissa da Deck é que os usuários possuem uma vasta quantidade de dados valiosos presos atrás de logins e senhas, sem uma forma segura e padronizada de compartilhá-los. A startup busca resolver isso tratando a própria web como uma plataforma aberta.
Como Funciona?
A Deck utiliza agentes de dados baseados em navegador que, com a permissão explícita do usuário, automatizam o acesso a qualquer site. Esses agentes de IA conseguem fazer login, navegar pelas páginas e extrair as informações relevantes de forma estruturada, "como um humano faria - mas mais rápido, de forma mais confiável e em escala", afirma Leboeuf.
Após a extração inicial via IA, a plataforma gera scripts para manter essas conexões ativas e reutilizáveis sem a necessidade contínua de intervenção da IA, garantindo eficiência e estabilidade. A Deck cuida de todo o processo "nos bastidores", gerenciando autenticação, normalização de dados, limites de taxa, gestão de consentimento e proteção contra bots.
Fundadores Experientes e Tração Inicial
A equipe fundadora traz uma bagagem relevante. Leboeuf (CEO) e Frederick Lavoie (Presidente) co-fundaram anteriormente a Flinks, conhecida como o "Plaid do Canadá", que foi adquirida pelo Banco Nacional do Canadá em 2021. Bruno Lambert (CTO) foi um dos primeiros engenheiros da Flinks.
Essa experiência prévia expôs os fundadores ao problema da fragmentação do acesso a dados em diversas indústrias. "O padrão era claro: o acesso aos dados era fragmentado, frágil e falho – e não apenas no setor bancário. Estava em toda parte", comenta Lavoie.
Inicialmente, a Deck focou no setor de utilities (serviços públicos), conectando-se a mais de 100.000 provedores em mais de 40 países. Empresas como EnergyCAP, Quadient e Greenly já utilizam a plataforma. No entanto, a startup já expande para outros setores, com clientes como Notes.fm e Evive Smoothies, provando a versatilidade de sua tecnologia.
A empresa reporta um crescimento rápido, com o número de conexões aumentando mais de 120% em fevereiro em comparação com o mês anterior. O modelo de precificação é baseado em desempenho, cobrando por chamadas de API bem-sucedidas.
Privacidade e Futuro
A Deck enfatiza que opera estritamente com base no consentimento explícito do usuário e possui tecnologias proprietárias para evitar ser detectada como bot, incluindo computação visual e movimentos de mouse semelhantes aos humanos. Atualmente, os dados coletados não são usados para treinar modelos de IA, focando apenas em otimizar a coleta.
Com 30 funcionários e o novo aporte, a Deck planeja lançar em breve um "criador de verticais de dados", permitindo que desenvolvedores configurem rapidamente o acesso a dados para qualquer setor.
Jeremy Jonker, co-fundador da Infinity Ventures e novo membro do conselho da Deck, acredita que a startup está "transformando o setor de dados permissionados pelo usuário, assim como o open banking remodelou os dados financeiros".