A gigante dos semicondutores AMD enfrenta um novo desafio significativo. A empresa comunicou que as recentes exigências de controle de licenças impostas pelo governo dos Estados Unidos para a exportação de seus chips de Inteligência Artificial (IA) para a China e outros países podem impactar materialmente seus resultados financeiros.
Em um documento enviado à SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) nesta quarta-feira, a AMD detalhou que, caso não consiga obter as licenças necessárias, poderá ter um prejuízo estimado em US$ 800 milhões. Este valor está relacionado a estoques, compromissos de compra e reservas associadas aos produtos afetados. As restrições incidem especificamente sobre seus avançados processadores GPUs MI308.
A AMD confirmou ter concluído sua avaliação inicial da nova exigência em 15 de abril de 2025. Embora a empresa planeje solicitar as licenças de exportação, ela ressaltou em seu comunicado que "não há garantia de que as licenças serão concedidas", adicionando um elemento de incerteza ao seu futuro comercial nesses mercados.
A notícia não foi bem recebida pelo mercado financeiro. As ações da AMD registraram uma queda de aproximadamente 7% nas negociações pré-mercado, refletindo a preocupação dos investidores com o potencial impacto financeiro.
Essa medida do governo americano não é isolada e faz parte de um esforço maior para controlar a exportação de tecnologia considerada sensível. Diversas autoridades dos EUA vinham defendendo controles mais rígidos, argumentando que o acesso irrestrito a esses potentes chips por empresas sediadas na China, particularmente aquelas focadas em IA, poderia ameaçar a liderança tecnológica americana e a segurança nacional.
A AMD não é a única afetada. Sua principal concorrente no mercado de GPUs de alta performance, a Nvidia, também enfrenta as consequências das novas regras. Em um comunicado na terça-feira, a Nvidia revelou que antecipa encargos relacionados que podem chegar a US$ 5.5 bilhões em seu primeiro trimestre fiscal de 2026.
Reforçando a posição oficial, um porta-voz do Departamento de Comércio dos EUA afirmou à agência Reuters que a nova exigência de licenciamento está alinhada com "a diretriz do Presidente para salvaguardar nossa segurança nacional e econômica".
Este desenvolvimento adiciona uma camada significativa de incerteza para os fabricantes de chips e destaca a crescente tensão geopolítica em torno da tecnologia de ponta e do domínio da inteligência artificial. A situação continua em evolução.